REFLEXÕES SOBRE LIBERDADE, CONCATENAÇÕES....
por Marcelo GEsta
Liberdade, palavra
grávida que, ás vezes, se transforma em utopia. A liberdade tem múltiplos
sentidos: Liberdade pode ser ou é vida; liberdade pode ser ou é felicidade;
liberdade pode ser ou é amor; liberdade pode ser ou é expressão; liberdade é
uma coisa só, não existe falsa liberdade, pois falsa liberdade não é
liberdade...
Quem não tem liberdade não vive, apenas
sobrevive. Poderia ser feliz quem não é livre? Quem é livre ama; e quem ama é
livre, pois não é escravo do ódio, da insegurança e do rancor. Aliás, o livre –
ao em vez de ser possuído – é ele quem possui o amor. Será que quem não
consegue expressar toda esta vida, toda esta liberdade e todo este amor, seria
livre? Certamente que não.
Liberdade é independência – independência
de tudo o que é material, ou imaterial, racional ou emocional etc. Pois são
estes alguns dos que nos limitam no espaço, no tempo ou mesmo fora deles.
Mas será que somos livres? Será que
usamos, por exemplo, as palavras que queremos usar? Será que podemos ir aonde
desejamos? Será que nos permitem pensar? Pensar não é tudo. Será que nos
permitem agir? Nos permitem, ou nos permitimos, por em prática nossas ideias e
nossa liberdade? Será que nos permitem ou nos permitimos, crer ou descrer? Será
que nos permitem, ou nos permitimos, ver ou não ver? Será que nos permitimos ou
nos permitem optar ou não optar? Tentar ou não tentar? Seriam a práticas destas
liberdades realmente liberdades autênticas?
Será que somos apenas rostos em meio a uma
imensa multidão? Seríamos apenas rostos insignificantes, que não merecem
crédito, com uma opinião sem valor, que não desperta nenhum interesse no
sistema – a não ser que se volte contra a máquina – ameaçando-a, e por isso
terá de ser eliminado, pois quebrou a regras do sistema corrupto? Será que somos, apenas, uma gota que nunca
transbordará o oceano, mas que também, se sair, nunca fará falta á ele? E se
formos “apenas isso”, que mal há nisso? A liberdade transcende o que pensam e
muitas das vezes até mesmo o que pensamos sobre nós mesmos.

Até quando vegetarás? Será que castraram
os seus desejos e sonhos? Você não passa de um ou de uma fantoche? Será que
depois de tanto tempo cativo ou cativa, esqueces-te do que é ter vontade?
Vontade é algo que dá e passa, todavia suas consequências permanecem...
O Senhor Jesus diz: “Vinde á mim todos voz
que estais cansados e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei
de mim que sou manso e humilde de coração, e achareis descanso para vossas
almas. Porque meu fardo é leve e o meu jugo é suave” (Mateus 11:28-30). Este é
um convite livre de imposições. Como é bom poder optar, pensar e falar, embora
haja opções, pensamentos e falas boas e más. Como é maravilhoso dispor de si
próprio, porém, como é discutivelmente feliz poder deixar de fazer ou fazer
alguma coisa. Como é agradável ter prazeres que não vão contra a vontade de
Deus, a melhor para nossas dúvidas.
Liberdade é ousadia. Deve-se ter coragem
para deixar de ser dependente de qualquer coisa ou alguém, para que se possa
tornar-se independente individualmente, por mais difícil que possa parecer ou
mesmo seja realmente. Embora saiba-se que, todavia, independência de DEUS é
morte.
Liberdade é franqueza, é poder se abrir
com alguém, é se por á disposição de qualquer um que precise de ti, “sem se
importar” com “as consequências”. Liberdade é ser sincero, é poder dizer o que
se pensa sem sentir peso no coração, sem a intenção de agredir o próximo, mesmo
que ele se ofenda. Liberdade é ser desimpedido, ou seja, é poder pensar, falar,
agir ou ser, sem a pressão negativa de uma consciência aprisionada por
terceiros. Liberdade é não depender totalmente de outrem, pois todos se
interdependem, mas ainda sim, ser dependente da vontade de Deus, a melhor para
nossas vidas.

Liberdade é se sentir no direito de lutar
contra a tirania – ainda que seja a tirania do direito – é não violar o direito
do outro, é não “ter nada” com outra pessoa ou “ser forçado a ter algo” com
outra pessoa ou alguém, todavia, sem violar a lei da sociabilidade do ser
humano, pois nós só vivemos convivendo, ninguém vive sozinho, ninguém convive
sozinho, e quem não convive não vive, antes, sobrevive. Todos “precisam” de
todos. Temos necessidades uns dos outros – dizer que não se precisa de ninguém
pode ser um pedido desesperado de socorro por um dia ter-se precisado de alguém
e ter sido frustrado por isso, logo, dizer-se que não se precisa de ninguém é
um grande pedido pela ajuda de alguém. E nã há necessariamente problema algum
em pedir ajuda de alguém. Precisamos de
alguém que nos complete em nossas áreas deficitárias, ou em pelo menos uma, daí
os Dons do Espírito Santo para Sua Igreja. Se achamos que não precisamos de ninguém – que
é algo diferente de depender-se totalmente de alguém – é porque algum
sentimento negativo em nós já está nos escravizando. Assim sendo, se precisamos
viver em comum, as fontes de prazer e satisfação, saúde e educação etc., devem
ser um bem comum, para que possa haver maior prazer e liberdade em comum.
Liberdade é algo mais e não é o mesmo que
liberalismo e/ou libertinagem, pois pelo liberalismo e pela libertinagem muitos
foram e são oprimidos até hoje. A nossa liberdade acaba e torna-se
libertinagem, quando nós, para ter a nossa passamos por cima da do outro
semelhante. Liberdade é unidade.
Liberdade é “a força do direito” contra o
direito da força. Liberdade é paz, embora façam guerra em prol dela. Liberdade
é pureza, embora alguns se sujam para adquiri-la. Liberdade é ser livre e
“deixar ser livre”, embora estejam oprimindo para terem-na. O ser humano quer
ser livre – e isso é legítimo – todavia quando se procura a liberdade a
qualquer custo desesperada e loucamente, escraviza-se tanto ao próximo como a
si mesmo, transformando-se a liberdade em utopia – justamente o que ela não é,
mas passa a ser quando seus prazeres são escravizantes.
Minha liberdade é uma pessoa, e ela tem um
nome – Jesus Cristo. Não há como alcançar a liberdade sem Jesus Cristo. Talvez
o seu opressor não seja um vício, ou sequer um sistema, talvez o seu opressor
não seja o medo, ou a vergonha, ou o ódio, ou uma paixão, ou o tédio, ou o ócio
não criativo, ou o vazio, ou a fome, ou sequer a falta de paz. Talvez o que
tire a sua liberdade não seja alguém ou alguma coisa, pois talvez o seu maior
opressor seja as idéias que você tem sobre você mesmo(a). Só é oprimido quem
não tem e não interage com Jesus Cristo. A nossa vontade normalmente sempre
reina, porém, ás vezes, ela prevalece contra nós mesmos e contra outros que até
querem nos ajudar...
“O segredo para se alcançar a paz é tentar
fazer nossas realizações não se igualarem aos nossos desejos, e baixar nossos
desejos ao nível de nossas realizações”, disse Sêneca. Parafraseando um dito de
Ernesto Che Guevara digo: “nós, os cristãos, seremos mais livres quando formos
mais perfeitos, seremos mais perfeitos se formos mais livres. “A força fez os
primeiros escravos, a sua covardia os perpetuou”, disse J. J. Rousseau. A
desobediência, o ódio, as palavras torpes, as contendas, o pecado dentre
outros, fizeram os primeiros escravos, mas foi a falta de perdão, de amor, de
mansidão, de domínio próprio entre outros que os perpetuou.
Vemos que não ser livre é muito mais do
que estar por traz das grades; ser livre é muito mais que viver sem cadeias, ou
mesmo não ser vigiado, ou poder fazer a qualquer hora o que bem se quer.

Nas paredes de um velho templo, foi
descoberto o seguinte quadro:
-Um rei
forjando, com sua coroa, uma corrente. Perto dele havia um escravo fazendo, de
suas correntes, uma coroa. Por baixo estava escrito: “A vida se constitui
daquilo que o homem faz dela, independente daquilo que ela é feita”.
